quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Zara nunca mais!!!



Depois do programa "A Liga" desta terça-feira (16.08), aconselho meus leitores a nunca mais consumirem as cobiçadas pecinhas da Zara! Por quê? Posso justificar com argumentos bem sólidos: além das peças serem cópias de best sellers de grandes grifes, ficou constatado que há trabalho escravo em sua produção, o que, para mim, é abominável!
De acordo com o portal do programa, em todo o Brasil, nos últimos 15 anos, cerca de 42.000 trabalhadores foram resgatados do trabalho escravo.
Mas vocês sabem como caracterizamos um trabalho como escravo?
A Convenção 29 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada pelo Estado Brasileiro, versa sobre o trabalho escravo, classificando-o como o trabalho forçado ou obrigatório exigido de uma pessoa sob a ameaça de sanção e para o qual não se tenha oferecido espontaneamente.
Por sua vez, o artigo 1º da Convenção 105 da OIT, também adotada pelo Brasil, determina a supressão do trabalho forçado ou obrigatório e sua não utilização, sob qualquer forma: a) Quer por medida de coerção ou de educação política, quer como sanção a pessoas que tenham ou exprimam certas opiniões políticas ou manifestem a sua oposição ideológica à ordem política, social ou económica estabelecida; b) Quer como método de mobilização e de utilização da mão-de-obra com fins de desenvolvimento económico; c) Quer como medida de disciplina do trabalho; d) Quer como punição, por ter participado em greves; e) Quer como medida de discriminação racial, social, nacional ou religiosa.
Além disso, a Constituição Federal garante a fixação em lei de um salário-mínimo que seja capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim. Adicionalmente, a Consolidação das Leis do Trabalho (a famosa CLT do presidente GV) reforça a existência do salário-mínimo, garante o limite de 8 horas diárias de jornada, os períodos de descanso (11 horas entre 2 jornadas) e o descanso semanal de, no mínimo, 24 horas. Quer dizer, se estas regras não forem devidamente cumpridas, restará caracterizado o trabalho escravo.
Muitos setores do mercado, que exigem uma produtividade altíssima, utilizam, lamentavelmente, esse tipo de "trabalho". Trabalho? Na minha opinião sequer deveríamos chamar a escravidão de "trabalho", porque nesta palavra está implícito o conceito de dignidade. A escravidão é tortura, é abuso, é desumanidade!
E o que ficou claramente constatado ontem foi o seguinte: em uma das principais “fornecedoras” da rede, 15 pessoas, incluindo uma adolescente de apenas 14 anos, foram libertadas de escravidão de duas oficinas – uma localizada no Centro da capital paulista e outra na Zona Norte. Para sair da oficina, que também era moradia, era preciso pedir autorização.
Segundo o UOL, a investigação da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP) iniciou-se a partir de uma outra fiscalização realizada em Americana (SP), no interior, ainda em maio. Na ocasião, 52 trabalhadores foram encontrados em condições degradantes; parte do grupo costurava calças da Zara. As informações puderam ser liberadas agora para não prejudicar os trabalhadores e o processo de fiscalização.
Ainda segundo o mesmo site, o quadro flagrado pelos agentes públicos incluía contratações completamente ilegais, com trabalho infantil, condições degradantes, jornadas exaustivas de até 16h diárias e cerceamento de liberdade (seja pela cobrança e desconto irregular de dívidas dos salários, o truck system, seja pela proibição de deixar o local de trabalho sem prévia autorização). Apesar do clima de medo entre as vítimas, um dos trabalhadores explorados confirmou que só conseguia sair da casa com a autorização do dono da oficina, só concedida em casos urgentes, como quando levou seu filho ao médico.
As condições dos locais de trabalho são visivelmente insalubres. Há poucas janelas, sempre fechadas, a higiene é precaríssma, e a segurança inexiste (foi encontrado um extintor de incêndio cuja data de validade era de 1998!).
Foi mostrado ainda no programa da Bandeirantes o quanto os trabalhadores são pressionados para atingirem a produtividade ideal. Na reportagem de Sophia Reis e Thaíde, foi mostrada uma peça que custou R$ 7,00 para a Zara e que é vendida na loja por R$ 150,00. Detalhe: se a costureira provocar algum defeito na peça, ela tem de pagar pelo preço da loja. Inacreditável!
A empresa disse ter agido para que o fornecedor responsável pela “terceirização não autorizada” pudesse “solucionar” a situação imediatamente, assumindo as compensações econômicas dos trabalhadores e comprometendo-se a corrigir as condições de trabalho da oficina flagrada.
A Inditex – proprietária do grupo Zara  – classificou o caso como “terceirização não autorizada” que “violou seriamente” o Código de Conduta para Fabricantes. De acordo com a Inditex, o Código de Conduta determina que qualquer subcontração deve ser autorizada por escrito pela Inditex. Ocorre que houve contrato com o fornecedor em questão.
Tá e até quando vamos conviver com a ambição da indústria, que aceita esse tipo de postura para vender mais e mais.
Na minha opinião, a Zara merece uma bela de uma retalhação pelo papel ridículo apresentado ontem.
E acho que devemos continuar metendo a boca mesmo: Zara nos TTs!!!
Por um mundo melhor...


Escravidão, só nos belos registros de Debret!




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